1 de mar. de 2012

Contos de Brito: L.O.L.A. parte I

Ela andava de cabeça baixa pelos corredores, segurando seus livros. Todas as pessoas iam para o lado contrário do seu, estava em contra-mão. Parou por um instante, então se virou para onde todas as outras pessoas iam. Antes de completar os 180°, sentiu algo bater forte em seu ombro, o que a fez soltar os livros. Não levantou os olhos, ficou apenas olhando seus livros e as folhas de anotação de química serem pisoteados sem dó. Mal eram percebidos em meio à pressa das pessoas.
- Me desculpe - disse o culpado. Ela não pôde deixar de perceber o quão tortos eram seus óculos. - Regra número um do corredor: siga o fluxo.
 Mas ele não ofereceu ajuda para pegar os livros do chão. Ela se agachou, recolheu os livros e antes de recolher suas anotações, percebeu que elas não poderiam mais ser aproveitadas. Suspirou e se levantou. O menino ainda estava ali, mas agora era o único no corredor a não ser por ela. Olhou por cima dos ombros, mas ninguém estava lá. Ignorando a presença do menino, se virou em direção à saída.
- O quê? Você é muda?
A menina continuou andando, sem diminuir o passo.
- Surda, então? - ele riu. Ela se virou novamente para ele.
- Ah, cale a boca.
- Não é muda. Progredimos.
- Tampouco surda. Só não tenho paciência pra essa amizade que você vai tentar forçar comigo, depois de ter arruinado quatro tempos de química em anotações.
- Está irritada comigo por você ser desastrada?
- Foi você que esbarrou em mim, garoto.
- Você não seguiu o fluxo... - ele sorriu e pôs suas mãos nos bolsos.
- Fique longe de mim. - e se pôs a andar novamente para a saída.
Andando, seus ouvidos estavam atentos tentando captar o som de passos atrás dela, mas nada. Chegou à porta e pensou em checar se ele ainda estava lá, mas não o fez.
- Lola. - sua voz ecoou pelos corredores.
Ela abriu a porta. O vento frio a fez fechar os olhos.
- Meu nome é Téo.
- Eu não perguntei o seu nome. - ela virou um pouco a cabeça. O bastante para ele ver o seu rosto, mas ela não via o dele.
- Também não tinha perguntado o seu.
- Só não perguntou em voz alta. - ela levantou uma sobrancelha.
- E além de ser super grossa você também lê pensamentos? Não gosto de você.
- Ótimo. Espalhe a notícia.
Lola mergulho no ar gelado e a porta se fechou lentamente às suas costas. Téo ajeitou os óculos e assistiu a garota desaparecer ao virar uma esquina.
- Eu gosto dela.
Logo em seguida, também enfrentou o frio.

1 xícaras de chá:

Brignerth disse...

amei o conto! quero ler mais :)

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