Você

É, eu sinto a sua falta. Mas dizer isso não vai te fazer voltar. Não vai te fazer me querer de novo. Minha tristeza escorre pelo rosto e eu não consigo mais enxugar. Deixo que molhe os panos que me deito. Desabo. Adormeço, mas acordo com vontade de você. Tento te esquecer. Mas se tento, é que estou lembrando. Preciso te esquecer. Guardar seus sorrisos na gaveta, trancá-los e colocar a chave junto com a minha sanidade, que esqueci em algum lugar perto de quando me apaixonei por você.

Você nem faz ideia, faz? Ou finge que não? Acho que é melhor assim, sem eu saber que tens consciência de tudo isso. Talvez eu sofra menos dessa forma; pensando que a culpa das lágrimas nas folhas desse caderno seja você não conhecer meus sentimentos, e não a sua indiferença quanto a isso. Afinal, pra que dar importância a um coração miúdo, quando o único que quer, tem nas mãos? Vocês se amam e a sua felicidade me faz feliz, acredite. O que me entristece é saber que não é comigo. 

A culpa é minha. É sim e reconheço. Me desculpe. Me perdoe, mesmo que não faça mais diferença pra você. Tenha a consideração por mim que você achava que eu não tinha por ti. Eu tinha. Não consideração apenas. Eu te queria, mas não sabia como lidar com isso. Tinha medo, era fraca e estúpida. Me perdoe por isso também, se conseguir. Eu não consigo. Me condeno.

Estarei aqui, se quer saber. Se o seu atual amor não durar, o meu está na reserva. Queria te pedir pra me prometer que nunca vai me esquecer, mas não. Não posso e tampouco devo. A dor da promessa quebrada é muito maior do que a dor da frase querida que nunca fora dita. Também não posso pedir isso já que a minha maior vontade agora é que haja apenas uma sutura no lugar que você ocupa no meu coração.

Olívia de Brito